Os familiares do comerciante Dieberg Paiva de Oliveira, 54, morto com um tiro no rosto na noite do dia 29 de julho, no CPA 3, apontam que o motivo da morte foi vingança e não latrocínio (roubo seguido de morte), conforme anunciou a Polícia.
A família, que morava há mais de 30 anos no local, mudou na mesma noite em que Dieberg foi assassinado, diante da casa dele e de um dos filhos. Os três filhos e a esposa temem por suas vidas e preferiram deixar o imóvel. A esposa de Dieberg teve quadro de doenças agravado pela depressão.
Membros da familia não acreditam que os três adolescentes que cometeram o crime estavam interessados na caminhonete, estacionada na garagem, mas que foram até o local para executarem a vítima, a mando de terceiros. Isto porque Dieberg havia encabeçado uma lista de assinaturas para retirada de um bar da região. O comércio, que funcionava durante o dia e madrugada, era apontado como ponto de encontro de criminosos.
Em consequência disto, moradores e pessoas que caminhavam pela região eram roubadas, agredidas e até abusadas pelos frequentadores.
Dias antes do assassinato, uma ação da Polícia Militar fechou o estabelecimento. Mas a interdição durou pouco e no dia da morte de Dieberg o comércio já estava aberto. Testemunhas confirmaram aos familiares que os três adolescentes passaram pela avenida pouco antes, seguiram até o bar e voltaram, indo para a casa do comerciante.
A vítima ainda teria tentado escapar, entrando pelo portão. A esposa gritou. Um dos filhos correu e levou a mãe para dentro e mandou ela trancar a porta. Quando abriu o portão, viu o pai de joelhos, na rua, e o criminoso apontando a arma contra cabeça dele, fazendo o disparo.
Familiares acionaram a PM e o Samu, mas o atendimento demorou e com recursos próprios levaram o comerciante para a unidade de saúde, onde morreu.
Logo após fazerem os disparos, os adolescentes correram e os dois rapazes foram alcançados logo adiante. Um grupo de moradores tentou linchá-los e só não matou a dupla porque a PM chegou. Em estado grave foram removidos para o Pronto-Socorro de Cuiabá. A arma usada para o crime desapareceu na confusão. Dieberg deixou viúva, três filhos e três netos.
Ele foi um dos primeiros moradores do CPA 3 e líder comunitário que atuou ativamente para construção da igreja católica e criação do grupo de jovens.
A reportagem não conseguiu confirmar qual delegacia está investigando o caso. A informação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que atendeu a ocorrência no dia, é que seria a Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), pelo fato dos autores do crime serem menores.
A DEA informou que não está com o caso, que teria sido remetido à Especializada de Roubos e Furtos de Veículos (Derfva), que não confirma ter assumido a investigação. Informações extraoficiais apontam que um dos adolescentes ainda estaria no PS, mas sem vigilância. O outro foi removido para um hospital privado, dias depois.
Autor: Silvana Ribas com Gazeta Digital