Após 13 anos o Brasil sendo governado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com a participação direta do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que sempre atuou como o alto clero que dava sustentação para que as políticas “socialistas” dos “camaradas” fossem aprovadas no parlamento, assistimos, nesta semana, com o desfecho do impeachment, uma resposta dos congressistas contra o centralismo político da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Figura política esta que, antes do processo de afastamento, mantinha-se no pedestal da rainha vermelha intocável que não estava nem um pouco preocupada com a governabilidade entre os dois poderes – Legislativo e Executivo – tanto é que, por conta própria, resolveu subverter o orçamento público e violar as normas constitucionais vigentes.
Aliado a tudo isso, diante do cenário distorcido da economia brasileira, onde a maioria dos países vizinhos demonstrava um pequeno crescimento, o Brasil afundava em uma crise sem precedentes, causadas pelo desajuste fiscal, pelo desequilíbrio das contas públicas, bem como pela corrupção sistêmica que corroía a credibilidade das empresas e instituições brasileiras. Tudo isso resultando na desindustrialização e, consequentemente, no desemprego em massa e na queda do poder de compra do trabalhador (inflação). Ou seja, a crise econômica e institucional só poderia destoar em uma crise política, onde grande parte dos eleitores da Dilma que se sentiram traídos e mais os oposicionistas engrossaram o caldo da revolta popular contra o governo petista e, enfim, saíram às ruas exigindo mudanças na política brasileira.
Diante desse quadro de incerteza e falta de diálogo entre os caciques petistas e os líderes do PMDB, a separação dos poderes criada pelo filósofo Montesquieu estava sendo distorcida, pois as cúpulas de ambos partidos pretendiam agora esmagar seus adversários e controlar os dois poderes, porém, a Dilma assim como o Lula não esperavam que surgisse um inimigo à altura de suas jogatinas e artimanhas políticas, ou seja, os ataques estratégicos do ardiloso e vingativo, Eduardo Cunha (PMDB).
Além dele, o tido como frustrado e ressentido, até então abandonado pelo PT, vice-presidente Michel Temer (PMDB) também aguardava ansiosamente para mostrar as suas garras e patrocinar o impeachment com o intuito de consagrar o xeque-mate político e assim assumir, “de uma vez por todas”, a tão sonhada presidência da república.
Contudo, sem legitimidade para comandar o Executivo, pois não tem apoio popular e nenhuma sustentação política, o atual presidente Temer caminha para a forca do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassá-lo por ter sido eleito vice na chapa da Dilma - acusada de fazer campanha com propinas desviadas da Petrobras.
Diante de tudo isso, agora tanto a oposição ao PT como a esquerda gritam em uma só voz: fora temer! Portanto, assim como no governo de João Baptista Figueiredo onde a abertura política se intensificou e as manifestações populares conseguiram pressionar o governo em sentido ao fim da ditadura, o governo de Temer também será conhecido como o governo de transição para uma chamada “redemocratização” do país com a possibilidade de uma nova eleição.
*Marcelo Ferraz é jornalista e autor de obras que estão à venda no portal internacional de livros Amazom.com
Autor: Marcelo Ferraz