Crise faz 16 mil pessoas abandonarem planos de saúde em Mato Grosso

O mercado mato-grossense de planos de saúde médico-hospitalares registrou perda de 16 mil beneficiários em 2016 em comparação ao mesmo período do ano anterior. No Estado, em dezembro de 2015, o setor contava com 537.221 clientes. Um ano depois, esse número caiu para 521.190, o que corresponde uma variação anual de -3%, a maior do Centro-Oeste.

Dados como estes constam na Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), divulgada anteontem. No país, os planos de saúde registraram perda de 1,37 milhão de conveniados no ano passado, equivalendo a uma queda de 2,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

No Centro-Oeste, 42,6 mil clientes deixaram seus planos. Depois de Mato Grosso, Brasília é que apresentou a maior redução, de -1,5% (13,5 mil). Já a região Sudeste puxou a queda do total de usuários de planos médico-hospitalares em 2016.

Após perder o emprego no ano passado, a estoquista Sueli Medeiros, 38 anos, ficou sem ter como pagar o plano de saúde dela e do filho Joaquim, 13. “O plano era pago pela empresa. Agora, estou desempregada e não tenho condições de continuar pagando. Felizmente, temos boa saúde e se Deus quiser não vamos precisar”, disse.

Segundo informações da IESS, nos 12 meses encerrados em dezembro, 1,37 milhão de vínculos foram rompidos no Brasil, sendo que 1,1 milhão destes, o que equivale a 79,9%, se concentram no Sudeste.

A variação é resultado do cenário econômico negativo e à queda do nível de emprego do País. “Segundo dados do Caged, o saldo de empregos de 2016 ficou negativo em 1,32 milhão de postos de trabalho formal. Como os planos coletivos empresariais (aqueles fornecidos pelas empresas aos seus colaboradores) ainda representam a maior parte dos planos médico-hospitalares no País, é natural que o número de vínculos apresente retração junto com o saldo de empregos formais”, disse o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro. O IESS é uma entidade sem fins lucrativos com o objetivo de promover e realizar estudos sobre saúde suplementar.

Carneiro destaca que o ano poderia ter encerrado com uma redução ainda maior no total de beneficiários. “Como o plano de saúde é o terceiro maior desejo do brasileiro, atrás apenas da casa própria e da educação, os beneficiários de planos de saúde, mesmo desempregados, optam por cortar outros gastos antes de romper o vínculo com a operadora”.

A NAB consolida, a partir de distintas bases de dados da ANS, os mais recentes números de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares e exclusivamente odontológicos, divididos por estados, regiões, tipo de contratação e modalidade de operadoras.

Autor: Joanice de Deus com DiariodeCuiaba