O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso decidiu anular a promoção de capitã para a tenente Izadora Ledur, que foi indiciada pela Polícia Civil por crimes de tortura e castigo contra o aluno Rodrigo Claro, de 21 anos.
O nome dela constava em uma lista montada pela Comissão de Promoções de Oficiais (CPO) da instituição, que fez a seleção dos militares que possuem tempo de serviço suficiente para subirem de nível.
De acordo com a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, em reunião nesta semana, a CPO retirou o nome da tenente da lista, por conta do procedimento administrativo que ela responde sobre o caso.
Rodrigo Claro, de 21 anos, morreu no dia 15 de novembro do ano passado, após passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora.
O procedimento administrativo em questão foi encerrado em fevereiro deste ano e concluiu que ela foi negligente e não seguiu o fiel cumprimento da ementa da disciplina.
O procedimento revelou que, durante a travessia da lagoa, a tenente afundou o aluno e jogou água em seu rosto quando ele voltava à superfície.
Agora, o Corpo de Bombeiros aguarda o parecer do governador Pedro Taques (PSDB) sobre o parecer do Conselho Justificação, que pode decidir se ela tem capacidade ou não de permanecer na corporação.
A tenente Izadora Ledur também foi investigada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sendo indiciada pelos crimes de tortura e castigo. O inquérito foi remetido à Justiça Estadual em março deste ano e está aguardando a manifestação do Ministério Público Estadual (MPE).
Relembre o caso
Rodrigo morreu no dia 15 de novembro, após supostamente passar por uma sessão de afogamento na Lagoa Trevisan.
Ele chegou a ser levado para o Hospital Jardim Cuiabá, na Capital, onde permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por cinco dias.
Em depoimento, colegas de curso de Rodrigo informaram que ele vinha sendo submetido a diversos "caldos" e que chegou a reclamar de dores de cabeça e exaustão.
Ainda assim, ele teria sido obrigado a continuar na aula pela tenente, que na época era responsável pelos treinamentos dos novos soldados da corporação.
A tenente foi afastada da corporação logo após a morte de Rodrigo. No entanto, segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cézar Rodrigues, esta não é a primeira vez que ela está sendo investigada por cometer excessos nos treinamentos.
Da primeira vez ela foi acusada - em uma denúncia anônima ao Ministério Público Estadual (MPE) - de fazer pressão psicológica em alunos durante os treinos do 15º curso de formação dos bombeiros.
“Na época designamos um encarregado e foi feita uma sindicância, onde não foi apurada esta conduta por parte da tenente. Não foi constatada transgressão nem crime por parte dela. O resultado foi encaminhado novamente para o MPE e o processo foi arquivado. Por isso ela não foi afastada de suas funções”, disse o comandante, em entrevista coletiva no ano passado.
Se ficar comprovado que a tenente foi responsável pela morte de Rodrigo, as penas podem variar de advertência até a prisão.
Autor: AMZ Noticias com Midia News