Os esforços da Justiça do Trabalho para resolver os processos durante a Semana Nacional da Execução Trabalhista incluíram a realização de audiências por meio do WhatsApp. A medida foi adotada pelo Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas (Cejusc) do TRT mato-grossense e surtiu efeito quando duas, das cinco audiências realizadas pela ferramenta, terminaram em conciliação.
O WhatsApp foi usado para permitir a comunicação entre representantes de empresas, uma delas estava na sede da Cejusc, em Cuiabá, e os trabalhadores e seus advogados, que estavam em Confresa, município ao norte de do estado, a 1167km de distância.
Inicialmente, as audiências estavam programadas para ocorrer por meio do sistema de videoconferência, já utilizado pelo TRT e pelas varas do trabalho do estado para atos administrativos e judiciais desde 2014. Todavia, diante de problemas na internet na unidade de Justiça de Confresa, que impossibilitaram a conversa por vídeo, as tratativas acabaram ocorrendo pelo popular mensageiro, até como forma de garantir a participação dos trabalhadores, alguns deles vindo de municípios vizinhos, exclusivamente para as tentativas de conciliação.
As audiências foram conduzidas de Cuiabá pelo juiz Pedro Ivo Nascimento, após o magistrado de Confresa precisar se ausentar por problemas de saúde. Ivo criou um grupo no WhatsApp e foi adicionando as partes, que concordaram com o procedimento. As conversas ocorreram normalmente no ambiente virtual, quase como se todos estivessem presentes fisicamente. Quando uma audiência terminava, o magistrado excluía os integrantes do grupo e adicionava os novos.
Pedro Ivo disse que o emprego dessas ferramentas pelo judiciário desburocratiza o sistema e o torna mais ágil. Apesar do uso desses “meios alternativos” ainda carecer de regulamentação, o magistrado destaca que há previsão no próprio Código de Processo Civil e na Lei de Mediação. Seu uso se justifica também em razão das dimensões do estado mato-grossense. “Acredito que é uma ferramenta bastante útil e sem grandes custos e que pode facilitar o alcance de uma efetividade maior no cumprimento de nossa função”, destacou.
Das cinco audiências realizadas por meio da ferramenta, duas terminaram em conciliação. Uma delas contou com a participação do advogado Jader Francisco, que aprovou o uso do WhtasApp, algo "muito contemporâneo". Ele destacou, ainda, o emprego da tecnologia em prol da solução dos problemas e da facilidade do acesso à Justiça.
O procedimento também foi elogiado pela advogada Viviane Lima, que atuou de Cuiabá representando um frigorífico. Ela destacou que em um dos processos do qual participou, a conciliação foi construída antes mesmo das partes chegarem à Justiça e, se a audiência não fosse realizada, corria-se o risco de não mais acontecer. “A utilização dos meios tecnológicos possibilita a composição amigável, além de uma duração menor do processo e tudo isso gera economia ao jurisdicionado e à própria união”, disse.
Autor: AMZ Noticias com Zequias Nobre