A Santa Casa de Misericórdia entrou, hoje (15), no quarto dia com 100% dos atendimentos suspensos. A interrupção dos serviços, prejudica mais de 1 mil pacientes que precisam de assistência em diferentes especialidades, a exemplo da oncologia e hemodiálise, mais de 50 cirurgias deixam de ser realizadas diariamente e mais de 230 leitos de retaguarda e de tratamento intensivo (UTIS) ficam vazios.
O hospital filantrópico alega dificuldade financeira e, por isso, interrompeu os atendimentos particulares, por convênios e aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) na noite da última segunda-feira (11). Os funcionários da unidade também estão com cinco meses de salários atrasados, além do décimo terceiro.
O déficit do hospital é da ordem de R$ 80 milhões, sendo que a diretoria cobra um repasse da ordem de R$ 12 milhões referente a emenda parlamentar da bancada federal. “Nós recebemos emendas parlamentares, elas são do orçamento do Congresso Nacional. Ocorre que estão cobrando as que ultrapassaram limites e as que não ultrapassaram, sendo que a única emenda que tem algum questionamento é essa de R$ 2,4 milhões”, disse o ex-presidente da Santa Casa de Misericórdia, Antônio Prezza, durante oitiva feita pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada na Câmara Municipal para investigar os contratos realizados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com as unidades filantrópicas hospitalares que funcionam na capital.
A prefeitura afirma que o hospital filantrópico não poderia receber o repasse de R$ 12 milhões, pois o limite de indicação de emendas para a unidade, em 2017, já estava comprometido. Já na noite da última quarta-feira (13), o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, recebeu o requerimento da Câmara Municipal que solicita a intervenção, via requisição administrativa, na Santa Casa.
O requerimento foi entregue ao prefeito pelo presidente da Câmara Municipal, Misael Galvão, pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os contratos com os Hospitais Filantrópicos, vereador Chico 2000 e pelo vereador Luís Cláudio.
Conforme Pinheiro, os vereadores trabalham com a equipe técnica para encaminhar os pacientes, principalmente as crianças, para unidades de referência como o Hospital de Câncer. “Estamos em uma força-tarefa buscando soluções, são vidas que precisam de cuidado e não vamos deixar essas pessoas desassistidas. Vamos trabalhar em conjunto com os deputados, vamos também procurar o Estado”, disse.
A Prefeitura de Cuiabá pontuou ainda que foram repassados R$ 24,8 milhões para a instituição, mas os serviços hospitalares que deveriam ser oferecidos aos cidadãos não foram executados. Em relação aos R$ 3,6 milhões que o Poder Executivo se comprometeu em ajudar a unidade como forma de adiantamento em troca de serviços, não foi repassado por conta de notificação da Controladoria Geral do Estado (CGE) recomendando que não fosse feito nenhum repasse em função de uma investigação da Delegacia Fazendária (Defaz).
Hoje, Pinheiro deve conceder uma coletiva de imprensa para falar sobre o assunto. “Na ocasião, o prefeito sanará todas as dúvidas sobre as contratualizações firmadas entre prefeitura e Santa Casa, as dívidas existentes, o que será feito em relação aos pacientes do hospital, além das decisões tomadas em relação à continuidade dos trabalhos da unidade de saúde”, informou a Secretaria de Inovação e Comunicação.
Autor: AMZ Noticias com Diário de Cuiabá