Segunda-Feira, 13 de Maio de 2024

Diante da complexidade, a idéia maniqueísta entre agronegócio e agricultura familiar




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De fato para muitos existe essa ideia maniqueísta de que a agricultura brasileira é dividida em apenas dois polos, sendo o polo do “Agronegócio e o polo da Agricultura familiar”. O Brasil país de contradições e diferenças climáticas, ambientais, sociais, culturais e econômicas abrigasse apenas dois tipos de agricultores, precisamos buscar entender que a agricultura abriga variadas tipologias.

No norte Araguaia, hoje uma das ultimas ou se não a ultima fronteira agrícola do País, uma fatia de áreas produtivas no estado de Mato Grosso que tem um clima favorável, com ótimos solos aptos a agricultura e, portanto uma região que existe uma forte predominância da agricultura familiar. Precisamos entender que tanto o produtor que produz em grande escala quanto o que produz em menor escala, ambos fazem parte do agronegócio.

Diante da complexidade, a agricultura na região norte Araguaia deve ser analisada por vários ângulos, como por exemplo, tamanho da propriedade, mão-de-obra utilizada, tecnologia empregada, organização e comercialização dos produtos e a capacidade de obtenção de lucro.

A diferença é que o agricultor que é visto como aquele que faz parte do agronegócio é aquele que produz em maior escala, conhecido como geradores de emprego e responsável pelo fortalecimento da economia. Por outro lado apesar de parte dos agricultores familiares valoriza a diversidade por meio de associação do policultivo e da criação de animais e conviver com os limites naturais (como por exemplo, terrenos acidentados) é, portanto um mito acreditar que por definição existe essa diferença.

Ora, se o agronegócio é a soma de toda uma cadeia produtiva agropecuária composta por agricultores, indústrias de insumos e de maquinários, agroindústrias, empresas de comercialização e consumidores, não há como negar que a agricultura familiar também participa do agronegócio. Por outro lado, se analisada a questão pelo lado ambiental, não há dúvida de que o latifúndio é o vilão da destruição de nossas florestas, mas não se pode desconsiderar o estrago do somatório de muitos pequenos agricultores sem acesso às modernas tecnologias de conservação de solo, água e biodiversidade.

Assim como existem inúmeras propriedades familiares com alto grau de produtividade de diversos alimentos, e que a comercialização do mesmo aquece a economia local existe comunidades inteiras de agricultores familiares, cuja produção se destina basicamente ao auto-consumo e estão abaixo do nível de pobreza. A agricultura brasileira é repleta de situações diversas, e muita complexa. Assim como existe o agricultor que participa do mercado formal, existe o latifúndio improdutivo, cujo gado é alugado para justificar a sua não desapropriação para fins de reforma agrária.

 

Cleiton Lima é Engenheiro Agrônomo e Colaborador do Jornal da Notícia


Autor: Cleiton Lima


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