S�bado, 24 de Maio de 2025

Sensibilizar para humanizar




COMPARTILHE

Atualmente, muito se tem falado na necessidade de humanizar as organizações e a sociedade de modo geral. Humanizar quer dizer: “elevar à altura do homem.  Relativo ao homem: o corpo humano; a espécie humana. Sensível à piedade, compassivo: mostrar-se humano com seus semelhantes”.

A lógica nos faz raciocinar que se é necessário humanizar, significa que algo está em desacordo com a natureza que nos qualifica como seres humanos. Então, há que se olhar e investigar na direção daquilo que está em oposição à condição essencial que nos caracteriza como gente.  Desse modo, as pessoas devem ser o centro de atenção de qualquer processo de humanização.

O caminho da humanização, em seu aspecto mais amplo e nobre, passa pela sensibilização, valorização e pelo redespertar de todos nós para a vida

A humanização requer uma abordagem ampla e sensível. Fazem-se necessárias mudanças profundas na vida das instituições: valores, cultura, postura etc. As instituições são feitas de pessoas e as mudanças reais e consistentes acontecem somente e tão somente, quando elas mudam. Mudar os procedimentos externos e administrativos sem que haja mudança de mentalidade dos indivíduos que as compõem produzirão apenas alterações superficiais.  

Ao olhar e testemunhar fatos que revelam comportamentos desumanizados, ou seja, sem amizade e compaixão pelo próximo e por outras espécies de vida, em maior ou menor grau, onde quer que se apresentem, deparamo-nos com suas principais causas: a ignorância, a insensibilidade, o egoísmo e a ganância presentes na mente do homem. Essa miséria interior é tão triste quanto a exterior. Lamentavelmente, poucos a veem ou se dão conta de sua existência em si mesmos, o que impossibilita o processo de autoconhecimento e transformação.

Quantas vezes já nos fizemos esta pergunta: como é possível, por exemplo, os líderes políticos não se comoverem com as condições de vida cruéis e desiguais para a espécie humana? Eles salvam bancos, grandes empresas, mas não se empenham em salvar vidas em colapso.  Mais de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo. O homem foi à Lua, mas não cuidou da eliminação da fome no planeta em que vive...

Aqueles que agem de modo insensível e desamoroso revelam que em algum ponto de suas vidas, cortaram os laços e a conexão com o sagrado mundo interior. Por isso, a expressão que nos é muito comum ouvir: “falta alma àquela pessoa”.  A ignorância faz as pessoas se distanciarem de sua melhor parte e cometerem atos indignos e impróprios à condição humana; o melhor seria dizer:  a nossa condição e natureza Divina.

Registro estas palavras do Mestre Osho: “A pessoa ignorante é alguém que vai ignorando alguma coisa essencial. Ela é ignorante porque está ignorando a coisa mais fundamental na vida: ela está ignorando a si mesma. Ela está se mantendo ocupada com o não essencial. Perdeu a trilha do próprio eu. Esqueceu-se da sua realidade e tornou-se um com alguma coisa que ela não é.”

Tudo é resultado da ação do homem no ambiente em que vive, seja a ordem ou o caos.  Então, como podemos falar em ações humanizadas sem passar,n ecessariamente, pela condição da qualidade de ser de cada indivíduo? Todavia, há resistências na aceitação dessa verdade.

Se o egoísmo, a ganância e o apego ao poder fossem dissolvidos e brotassem no coração da maioria dos seres humanos o sentimento de amizade, a vontade de cooperar, o espírito de solidariedade e fraternidade, seguramente, não precisaríamos presenciar, em nenhum lugar, cenas desumanas que chocam os nossos olhos, as quais humilham e sacrificam os nossos semelhantes.

O caminho da humanização, em seu aspecto mais amplo e nobre, passa pela sensibilização, valorização e pelo redespertar de todos nós para a vida. Só o ser sensível, consciente, fraterno, compassivo, de fato conectado com a vida (interna e externa), poderá agir com humanidade e amor em seu coração.

Dessa forma, espontaneamente, os nossos atos serão pautados pela ética, pelo respeito e consideração por nós mesmos, pelo próximo e pelo meio em que vivemos. Nesse sentido, seria mais apropriado falarmos em divinização ao invés de humanização.  O Amor manifestado em nossos corações faz de todos nós um Templo de Deus.  

Neste momento, como disse um amigo, a humanidade pede socorro, pois a desumanidade dos humanos está colocando em risco a vida sustentável na Terra.   Seria de grande valia se todos compreendessem que no campo da energia somos um só, que não existe separação na nossa expressão mais sutil.   

“Somos todos parte de uma única força vital – parte de uma única existência oceânica.  Nas profundezas de nossas raízes somos um só. Não importa quem você esteja ferindo, no final das contas você está ferindo a si mesmo... A não violência resulta desta compreensão” (Osho).

 

*Enildes Corrêa é administradora e professora de Yoga com formação e aperfeiçoamento na Índia, palestrante e cronista.


Autor: Enildes Corrêa


Comentários
O Jornal da Notícia não se responsabiliza pelos comentários aqui postados. A equipe reserva-se, desde já, o direito de excluir comentários e textos que julgar ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos ou de alguma forma prejudiciais a terceiros.

Nome:
E-mail:
Mensagem:
 



Copyright - Jornal da Noticia e um meio de comunicacao de propriedade da AMZ Ltda.
Para reproduzir as materias e necessario apenas dar credito a Central AMZ de Noticias