Algumas pessoas estão assustadas com os estarrecedores números da corrupção aqui no Estado de Mato Grosso. As revelações de um ex-governador são demolidoras.
No contexto de sua delação premiada, as imagens gravadas falam por si, envolvendo quase todos os membros da Câmara dos Deputados da legislatura anterior.
E elas prometem muito mais. A imprensa noticia que existem 58 nomes envolvidos na delação do referido ex-governador. Enfim, o dique se rompeu e tudo veio à tona, e continua assustando os incautos.
É neste momento que aparecem os arautos do caos e propor todos os tipos de soluções mágicas para erradicar a "saúva" que grassou e grassa o que ainda resta das hostes deste Estado de Mato Grosso e do Brasil. As apurações continuam severas!
O impasse continua... Vamos superar esta fase? Não sou dos mais otimistas, mas acredito que sim. As apurações continuam e nada indica que elas possam ser interrompidas. A pergunta capital é: vamos acabar com a corrupção?
A resposta é negativa. Ela existe, na terra, desde que os que os humanos passaram a habitá-la.
E não há país que não lute para debelá-la. A China é severa com os corruptos, não hesitando em mandá-los para pelotões de fuzilamento.
O Banco Mundial possui métodos de avaliar a corrupção. Ele somente empresta dinheiro a países que têm níveis de corrupção aceitáveis. Comprovando, desta forma, que ela é um mal que não pode ser erradicado totalmente.
O nível de corrupção no Brasil é grande e inaceitável, comprovado depois de diversas operações policiais, nos últimos anos.
É ingênuo acreditar que os regimes de força - que tem inúmeros adeptos - pode extirpá-la, mas ela surgirá lá na frente mais forte e nociva. O Brasil é um exemplo consumado desta afirmação.
Não existe solução mágica e nem definitiva para a corrupção, principalmente neste País colonizado por prisioneiros e prostitutas.
Temos a sorte de que nossas instituições estejam funcionando normalmente e o mar de lama esteja sendo exposto.
A comprovação da fortaleza das nossas instituições está no fato de que dois presidente da República sofreram impeachment, e as apurações de corrupção têm emparedado um número infindo de políticos, funcionários públicos e empresários.
Portanto, não temos que mudar o nosso regime político, e sim de preservá-lo e aperfeiçoá-lo.
Após o desfecho de tudo que tem acontecido, nos últimos tempos, o País que sair lá na frente será outro, com certeza.
Não esqueça que nunca se apurou e puniu tanto. Aos que têm pressa, um pouco de calma. Não vai acontecer nada de afogadilho.
Sempre se soube, sem provas cabais, que a corrupção era e é uma erva daninha que vem desde as capitanias hereditárias. Os que dela se fartavam eram elogiados pela esperteza.
O rouba, mas faz, demonstra que a maioria, por aqui, quer levar vantagem. Se surgir a oportunidade, pimba!
Temos agora a oportunidade única de passar o País a limpo. E, certamente, que vamos fazê-lo pela via democrática.
Tudo que está acontecendo é normal, com os percalços de empreitadas deste vulto. Bem ou mal estamos de pé e vigilantes.
Muita gente que julgava inatingível esta sendo incomodada. E não precisa ir muito longe para atingir objetivos concretos.
Basta a exposição pública de corruptos e seus mal feitos para que eles nunca mais se aprumem.
A oportunidade chegou! Está-se, com certeza, avançando rapidamente para um futuro promissor.
Vamos continuar conjugando forças para acabar com a saúva (corrupção), antes que ela acabe com o Brasil, como já afirmava Monteiro Lobato, na década de 20 do século passado.
E esta afirmação vai completar 100 anos. Ela não acabou com o Brasil e nem este com ela! É preciso ter fé de que iremos trazê-la para níveis aceitáveis.
*Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá.
Autor: Renato Gomes Nery