O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, falando sobre as ameaças do presidente americano Donald Trump, afirmou que “cão que ladra não morde”, dito popular muito conhecido aqui no ocidente.
Só o ministro está errado, o cachorro em questão pode morder, sim. Ele é boquirroto e falastrão, mas também imprevisível e inconsequente.
Mas hoje o assunto não é a relação Coreia do Norte/Estados Unidos. Quero falar da sabedoria popular e da contradição explícita de muitos ditados que o povo repete.
O caso dos cachorros que ladram, mas não mordem é uma deles. Na verdade, alguns cachorros que ladram não mordem, outros ladram e mordem. Também muitos não ladram e não mordem e outros não ladram e mordem.
É bom não confiar no ditado, se o cão está latindo, convém manter distância. Torcedores de futebol costumam repetir, em situações que o time sofre gol no momento que atacava sem sucesso: “Quem não faz toma”.
Esta expressão é tão vazia como o ditado do cachorro: muitos times não fazem gols e tomam, outros não fazem e não tomam. Há ainda os que fazem e tomam e outros que fazem e não tomam.
Palestrantes motivacionais repercutem a crendice que os avestruzes enterram a cabeça na areia quando se veem em perigo.
Essas aves não são tão idiotas assim. Se tivessem este costume bobo, já teriam desaparecido da terra, vitimas fáceis de seus predadores. Bastaria o lobo dar um susto nos bichos e fazer o banquete em seguida.
Os tais palestrantes adoram essas bobeiras de fácil consumo. Tanto que costumam citar o caso da jabuticaba, quando se referem a alguma coisa que só acontece no Brasil.
A jabuticabeira, diferente do que afirmam, ocorre em diversos países da América do Sul e também no México.
Outra tolice recorrente dos conferencistas: “O ovo da pata é muito melhor que o da galinha, entretanto consumimos muito mais o segundo porque a galinha cacareja quando bota, divulgando o seu produto”
O argumento é totalmente infantil. Consumimos o ovo de galinha por uma questão de mercado. Ele é muito mais fácil e barato de produzir que o da pata. Esta última bota menos e consume muito mais ração. Nada tem a ver com a divulgação cacarejada.
Ainda sobre os dos ditados absurdos: “Uns gostam dos olhos outros da remela”. Você que está lendo conhece alguém que gosta da remela?
A política é pródiga em afirmações inconsistentes: “O exercício do voto aprimora a capacidade do povo escolher seus governantes”, dizem os candidatos A cada dois anos, exercemos o “sagrado” direito de escolher governantes.
A despeito de tanta frequência às urnas, parece que não progredimos muito: elegemos o Lula duas vezes e outras duas por tabela, votando no poste que ele escolheu (Dilma).
Mesmo tendo enterrado o país, ser condenado a nove anos de prisão e estar respondendo a sete processos na Justiça, este “sábio povo democrata” o quer novamente como presidente, conforme garante recente pesquisa eleitoral.
Parece que, ao contrário do que afirmei acima, tem gente que gosta mesmo é da remela.
*Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor em Cuiabá.
Autor: Renato de Paiva Pereira