O cultivo da seringueira o então conhecido “ouro branco” desempenha um papel social, econômico e ambiental de grande importância, tanto no cenário nacional como no cenário internacional, e não é diferente na região norte Araguaia onde é tecnicamente viável seu cultivo. Além do êxodo rural a atividade é uma ótima fonte de renda, principalmente quando se trata de agricultura familiar.
Seringueira (Hevea brasiliensis) é nativa da região amazônica, de onde é extraído dos vasos laticíferos o “látex”, sendo assim a principal matéria prima para produção de borracha natural de grande importância econômica e de qualidade superior ao produto sintético derivado do petróleo.
“Atualmente a oferta não atende a demanda, onde o Brasil produz apenas 30% do que consome, sendo outros 70% importados. A heveicultura é uma aposta baseada na realidade do mercado.” Sendo a Tailândia atualmente, o maior produtor mundial de borracha natural, mas sua produção está estagnada e tende a diminuir sua área plantada devido ao forte crescimento industrial. A Indonésia e Malásia há mais de 10 anos estão diminuindo suas áreas plantadas e substituindo-as pelo dendê para a produção de biodiesel.
Na Índia e China as áreas possíveis aptas a se plantar seringueira já foram preenchidas e apesar de serem dois dos maiores produtores de borracha natural, são importadores da mesma. O Vietnã já preencheu toda sua área territorial e atualmente está arrendando terras no Camboja (país vizinho) para plantar seringueira. A África possui grande área geográfica e clima para o plantio de seringueira, mas falta-lhe infraestrutura, estabilidade política e mercado consumidor.
O Brasil é o único país do mundo que tem as cinco maiores multinacionais do ramo pneumático: Goodyear, Michelin, Firestone, Pirelli e Continental. Diante deste cenário, podemos considerar que o mercado da borracha natural vem crescendo significativamente. Pelas previsões de especialistas, dificilmente o Brasil se tornará autossuficiente.
Em 2011 realizeium estudo de analise econômica e perspectiva de mercado do látex juntamente com o engenheiro agrônomo, pesquisador e doutor em economia da USP Reynaldo Campanatti, que diante da analise realizada sobre a cultura da seringueira, podemos observar de que a heveicultura é uma atividade economicamente viável, de acordo com um levantamento de custos é possível considerar a atividade bastante lucrativa, apesar de se tratar de uma cultura perene que necessita de alto investimento de longo prazo.
Isto foi possível fazer uma analise de sensibilidade da atividade por intermédio de resultados apresentados, mostra que os custos mais importantes na implantação, manutenção e produção do seringal são insumos (aquisição de mudas) e operações manuais (sangria). De acordo com a relação custo/benéficio a atividade mostra ser economicamente viável, de uma forma geral. Todavia tal viabilidade deve ser manejada de forma correta por se tratar de cultura perene com alto custo de implantação.
O cultivo da seringueira vem ganhando destaque no norte Araguaia, principalmente na região de Vila Rica, onde já foram plantadas mais de 185 mil mudas, através do projeto Floresta Rica. De acordo com o secretário de agricultura e meio ambiente do município, 200 mil mudas serão produzidas em 2013, mudas de 7 variedade de clones diferentes, adaptadas a região. A atividade pode ganhar impulso a partir da concessão de financiamentos ao pequeno produtor por meio de uma linha de credito exclusiva.
No ponto de vista agronômico a aquisição de mudas deve ser um dos fatores que precisa ser bem analisado fator que determinará o sucesso do seringal. Outro fator que deve ser visto é a sangria a qual determina a vida útil do seringal e sua produtividade, onde o objetivo da sangria é obter da árvore a máxima quantidade de látex sem prejudicar seu estado vegetativo e fisiológico.
É importante ressaltar que com a chegada forte da agricultura na região do Araguaia a produção de soja é considerada “rainha”, e o ouro branco pode ser a bola da vez no segmento familiar.
Cleiton Lima, é Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista – SP, Sócio- Proprietário da Vale Engenharia e Assessoria Agronômica e escreve semanalmente para o Jornal da Notícia
Autor: Cleiton Lima