Viajei muito pelo mundo nesses quase 50 anos de jornalista. Dos países que conheço, nenhum possui tantas diversidades quanto o Brasil. Não falo apenas das diversidades regionais, de clima e de culturas. Falo das percepções que o Brasil tem do Brasil. Melhor dizendo: da percepção que os brasileiros tem sobre o Brasil.
Neste momento, as percepções estão acirradas de um modo que deixou de existir o Brasil-raiz, para enxergarmos brasis políticos, econômicos, sociais e culturais. O Brasil tornou-se uma salada fora do livro de receitas. Começo com um exemplo concreto. Na última semana o evento “Famato – Embrapa Show”, realizado em Cuiabá mostrou um Brasil real, profundamente disruptivo.
Um Brasil globalizado, tecnicamente aparelhado junto com o mundo, e uma potência junto aos mercados mundiais de alimentos. Cenários fantásticos no curtíssimo prazo.No mundo atual e no futuro que se aproxima em grande velocidade num mundo pós-pandemia, pós-guerra Ucrânia-Rússia e pós lockdown chinês e mundial. Dentro desse mundo, ser protagonista é absolutamente fantástico!
Por outro lado, existe um Brasil urbano. Conflitado. Violento. Péssima qualidade de vida. Com altas taxas de desemprego. Com profundos desajustes sociais. Mas há Algo Que Você Não Vê Todos Os Dias. Sim, existe outro Brasil, o dos partidos políticos e dos políticos. Esse é alimentado com a imagem de um péssimo Brasil, pra poder sustentar o discurso da desgraça que vence as eleições. Neste ano, particularmente, esse Brasil derrotado está fortíssimo.
Existe ainda o Brasil gerido pelo Estado brasileiro. É o Brasil pessimista. Cobra os impostos que não retornam em serviços. É corrupto. É corporativo e está voltado pra sua própria sobrevivência. Existe o Brasil dos chamados poderes. São Ilhas de prosperidade. Da impunidade. De orçamento certo. Da perfeita desconexão com a sociedade brasileira.
Existe o Brasil da corporação do serviço público. Ilha de prosperidade regida pelo sindicalismo e pelo vitimismo. Nada é bom. Nada está bom. Não existirá futuro Mas aqui fora dos muros do mundo urbano e corporativo do Estado existe um mundo extraordinário. Um dado apenas ilustra a força desse Brasil. Segundo o representante do presidente da Embrapa em Cuiabá, o Brasil desenvolveu tecnologias de produção, de sustentabilidade que estão 30 anos à frente de todos os demais países do mundo.
Um Brasil que trabalha em economia circular, fechando o desenvolvimento da agropecuária, indústria, comércio, serviços e tecnologia em larga escala. Um Brasil que aprendeu a lidar com tecnologias a partir das suas próprias experiências e formou uma enorme rede de pesquisas e de inovações envolvendo universidades, a Embrapa e todo um sistema de pesquisas e desenvolvimento. Um Brasil sem desemprego. Aliás, o pavor é a falta de recursos humanos. Confesso que saí do evento de Cuiabá com o coração e a alma lavados. O Brasil quem vai vencer a guerra do protagonismo mundial, certamente não será o Brasil dos pessimismos corporativos e políticos.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
Autor: Onofre Ribeiro