Há exatos um ano, eu e todo o Araguaia, acompanhávamos uma das maiores injustiças já cometidas na nossa historia, como profissional da comunicação não podemos nos manifestar pessoalmente sobre notícias e fatos, neste caso em especial que pode acompanhar de perto, pois trabalhei na cobertura do processo de desintrusão, não devo e nem posso me calar!
365 dias se passaram, e as imagens de tudo que vive ali junto daquele povo não vão sair tão cedo da minha mente! Desespero, medo, agonia tomavam conta não só de quem morava na área, mas também de nos profissionais que ali estavam para registrar a historia!
Vi um povo de fé, lutar incansavelmente para não perderem tudo, vi nos olhos de crianças o medo e o desespero de não entender direto o que estava acontecendo, vi lágrimas e sofrimento nos olhos de idosos que com as suas mãos calejadas de trabalhar iram perder tudo que construíram a mais de 40 anos.
Vi, senti, chorei e sofri junto, afinal por traz de um jornalista, existe um ser que tem sonhos, família e coração, posso dizer que sou outra pessoa depois de tudo que acompanhei! Talvez mais humano!
Conter as lágrimas pode ser fácil para os que não ligam para o próximo, mas para mim que não consigo ver o sofrimento do irmão não é tarefa fácil.
E vergonho disse eu nunca terei, vergonha eu tenho de ser brasileiro em uma situação dessas, de ter uma justiça como a nossa e mais vergonha ainda dos nossos representantes políticos.
Confirmei o que já pesava há muito tempo, que a justiça existe, mas nem sempre é o certo! Afinal que justiça vimos na Suiá Missú? Que justiça é esta, que sacia uns e deixa outras com fome!
Que justiça é esta que transforma produtores em miseráveis, que transforma vidas em pesadelos e tiram homens, mulheres, crianças e idosos de suas casas para jogar a própria sorte, ou melhor, em barracos de lonas oferecidos pelo nosso vergonhoso governo federal.
Um governo que na ditadura lutou por pela democracia, a exemplo da própria presidenta Dilma Rousseff que foi presa, torturada por lutar por democracia.
Mais que democracia é esta feita pelo nossa presidente que não teve se quer boa vontade em tentar resolver o impasse, afinal eu acho que uma área de 165 mil hectares comportaria muito bem 250 índios e 7 mil moradores.
O “Vale dos Esquecidos que se transformou no Vale da Esperança, acabou virando de fato o Vale da Injustiça”.
O que ficou de tudo isso, dor, tristeza, e acima de tudo revolta, quero aproveitar para mandar um forte abraço para todos da Suiá Missú, e dizer que esta luta ainda não acabou, tenham fé e força que um dia a justiça será feita!
*Uasley Werneck é jornalista na Rádio Continental FM em Confresa e colaborador do Jornal da Noticia
Autor: Uasley Werneck