S�bado, 24 de Maio de 2025

As redes sociais e o comportamento humano no primitivo desejo de “fazer parte”




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Difícil imaginar um fenômeno tão transformador e veloz como a ascensão das redes sociais. Orkut, Facebook, Twitter e Linkedin, por exemplo, surgiram com tanta força que em apenas um ano obtiveram uma quantidade maior de usuários que o rádio em 38 anos. O número de cadastros do Facebook, surpreendentemente, chega a ser superior à população dos 27 países da união europeia. Não posso deixar de me perguntar: por que temos tanto interesse em redes sociais?

As redes online são mais do que um agrupamento de pessoas, elas respondem a um íntimo e primitivo desejo do ser humano de “fazer parte”, de expressar sentimentos, pensamentos e de acompanhar (ou conferir) o dia-a-dia das pessoas de interesse.

Nesse sentido, plataformas como o Facebook atendem perfeitamente as nossas motivações e, por isso, temos a impressão de que esse modelo de rede social irá durar para sempre. Mas o Orkut, com alguns recursos a mais, outros a menos, também não cumpria esse papel? Por que ele terminou?

Segundo Blaise Pascal, “a condição do homem é inconstância, tédio, inquietação”. Esse argumento parece ser o mais razoável para explicar o motivo de trocarmos de rede social, afinal a fome por novidade é uma peculiaridade do ser humano. A internet, que ao mesmo tempo possibilita grandes ascensões, também permite quedas abruptas, afinal migrar de uma rede social para outra é muito mais fácil para o usuário do que trocar de televisão, rádio ou qualquer outro aparelho do mercado tradicional.

O próprio Facebook, por exemplo, começou a ser ameaçado por uma nova rede social chamada “Tsu”, que, segundo o blog do The New York Times, repassa 90% do seu lucro publicitário para seus usuários. A empresa Tsu defende que o conteúdo gerado pelos usuários é o principal produto de uma rede social, portanto os usuários precisam ser recompensados por suas postagens. Ironicamente, a entrada nessa rede social se assemelha ao antigo Orkut (é necessário um convite de outro usuário para ingressar na plataforma). Será que inovações como essa representam uma nova tendência para as redes sociais do futuro? Como isso pode afetar as relações humanas?

Estimular a interação social através do dinheiro é uma estratégia pioneira em um meio onde os relacionamentos já são banalizados (qualquer conhecido já é classificado como amigo na internet). O que acontecerá se as amizades forem consideradas fonte de lucro?

Existem grandes diferenças entre o relacionamento pessoal e o virtual, pois as limitações físicas contêm em si muitas virtudes que não podem ser perdidas com a expansão volátil do mundo digital. Por outro lado, não devemos temer as novidades tecnológicas, pois elas também representam avanços. A questão é estar consciente de que as redes sociais podem tanto ser recursos para expressão, como para formação de comportamento.

 

*Aline Menna Barreto é Pedagoga e articulista do Jornal da Noticia


Autor: Aline Menna Barreto


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